sábado, 11 de fevereiro de 2017


DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E PRÁTICAS PSICOPEDAGÓGICAS



As dificuldades de aprendizagem quase sempre se apresentam associadas a problemas de outra natureza, principalmente comportamentais e emocionais. De modo geral, as crianças e adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem e de comportamento são descritas como menos envolvidas com as tarefas escolares do que os seus colegas sem dificuldades.
 As dificuldades comportamentais e emocionais, por sua vez, influenciam problemas acadêmicos e estes afetam os sentimentos e os comportamentos das crianças. Tais dificuldades podem expressar-se de forma internalizada ou externalizada. As crianças que apresentam "pobre" desempenho escolar e atribuem isso à incompetência pessoal apresentam sentimentos de vergonha, dúvidas sobre si mesma, baixa autoestima e distanciamento das demandas da aprendizagem, caracterizando problemas emocionais e comportamentos internalizados. Aquelas que atribuem os problemas acadêmicos à influência externa de pessoas hostis experimentam sentimentos de raiva, distanciamento das demandas acadêmicas, expressando hostilidade em relação aos outros. Os sentimentos de frustração, inferioridade, raiva e agressividade diante do fracasso escolar podem resultar também em problemas comportamentais.
Assim, seguindo o sentido diagnóstico e de tratamento dos problemas de aprendizagem, pode-se dizer que a primeira ação a ser realizada consta de uma caracterização da dificuldade apresentada pelo aluno (aprendente), onde devem ser investigadas as causas. Vale ressaltar que esta dificuldade afeta sobremaneira a sequência de aprendizagem, incorrendo no baixo rendimento escolar, além de implicar em desmotivação dos alunos (aprendestes). Alguns dos fatores que colaboram para este quadro são:
Ø     Falhas no sistema educacional: o método da escola não condiz com o tipo de raciocínio utilizado pelo aluno, ou os educando são inábeis;
Ø      Quadro neurológico ou psiquiátrico: neste caso, além da terapia comportamental, é aconselhável acompanhamento psiquiátrico;
Ø     Condições emocionais: a criança pode não se sentir bem na escola por causa de algum educador, ou algum problema familiar está atrapalhando sua atenção à educação;
Ø     Dificuldades de aprendizagem: a criança tem dificuldade em uma ou mais área do ensino, por exemplo, em raciocínio matemático ou aprendizado verbal.
Dentre as dificuldades de aprendizagem, nota-se com maior frequência e intensidade a deficiência na aquisição e desenvolvimento da LEITURA e ESCRITA, encontrada em muitas escolas tanto pública como privadas. Este perfil tem sido perceptível, sobretudo, com a realização das avaliações de aprendizagem em âmbito nacional, onde alunos do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série) e do Ensino Médio têm demonstrado dificuldades e falta de conhecimento ortográfico, gramatical, de interpretação e raciocínio lógico. De forma aleatória, pode-se afirmar que é um conjunto de aspectos que concorrem para a não qualidade da aprendizagem. É preciso, portanto, identificar o núcleo do problema.
Desta forma, identificada à causa, ou causas, se caracteriza o problema e passa-se a planejar a intervenção, atuando junto à escola, aos pais e à criança. O objetivo é criar condições favoráveis para o desenvolvimento das habilidades nas quais a criança apresenta baixo rendimento. Isto é feito por meio de um planejamento de ensino que torne o estudo interessante para o aluno e seja adequado ao seu modo de resolver problemas; e por meio de aconselhamento aos pais e professores sobre como lidar com as dificuldades da criança e incentivar o seu aprendizado.
Muitas vezes, um aluno não tem bom desempenho escolar porque seus hábitos de estudo são inadequados. Neste caso, o analista do comportamento (psicopedagogo) e o aluno podem juntos decidir estratégias de estudo mais eficientes, que levem em consideração o tempo disponível, o local de estudo e a matéria a ser estudada. Este trabalho é realizado de forma diferente com cada tipo de estudante, enfatizando as características pessoais do aluno, suas necessidades imediatas e como ele se relaciona com seu ambiente social e emocional.
Torna-se necessário orientar o aluno que apresenta dificuldades e/ou que fogem aos padrões de aprendizagem correspondente a cada etapa do ensino  e também a família e o educador, para que juntos aprendam a lidar com estas dificuldades, buscando a intervenção de um profissional especializado ( psicopedagogos).
De maneira mais generalizada, algumas práticas podem ser realizadas pelos pais de forma a estabelecer uma relação de confiança e colaboração com a escola, com:
Ø     escute mais o seu filho;
Ø      informe aos professores sobre os progressos feitos em casa em áreas de interesse mútuo; estabeleça horários para estudar e realizar as tarefas de casa; sirva de exemplo, mostre seu interesse e entusiasmo pelos estudos;
Ø     Desenvolva estratégias de modelação (existe um problema para ser solucionado, pense em voz alta);
Ø     Aprenda com eles ao invés de querer ensinar somente;
Ø     Aproveite o momento do acompanhamento da tarefa para ser cúmplice, parceiro e propor descobertas de respostas, ao invés de entregá-las prontas ao seu filho;
Ø      Valorize sempre o que o seu filho faz, mesmo que não tenha feito o que você pediu e em nível do que você esperava;
Ø     Disponibilize materiais para auxiliar na aprendizagem;
Ø     É preciso conversar, informar e discutir com o seu filho sobre quaisquer observações e comentários emitidos sobre ele.

E se você não dispõe desse tempo com seu filho, não deixe de recomendar que as atividades que vão para casa sejam acompanhadas e (re) ensinadas pela orientadora(professora do reforço), ou por um parente, não esqueça de reservar um tempinho para saber dele como vai na escola, quais as dificuldades e em que área ele precisa desprender maior esforço. E nunca, o subestime.