DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM E PRÁTICAS PSICOPEDAGÓGICAS
As dificuldades de
aprendizagem quase sempre se apresentam associadas a problemas de outra
natureza, principalmente comportamentais e emocionais. De modo geral, as
crianças e adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem e de
comportamento são descritas como menos envolvidas com as tarefas escolares do
que os seus colegas sem dificuldades.
As dificuldades comportamentais e emocionais, por sua vez,
influenciam problemas acadêmicos e estes afetam os sentimentos e os
comportamentos das crianças. Tais dificuldades podem expressar-se de forma
internalizada ou externalizada. As crianças que apresentam "pobre"
desempenho escolar e atribuem isso à incompetência pessoal apresentam
sentimentos de vergonha, dúvidas sobre si mesma, baixa autoestima e
distanciamento das demandas da aprendizagem, caracterizando problemas emocionais
e comportamentos internalizados. Aquelas que atribuem os problemas acadêmicos à
influência externa de pessoas hostis experimentam sentimentos de raiva,
distanciamento das demandas acadêmicas, expressando hostilidade em relação aos
outros. Os sentimentos de frustração, inferioridade, raiva e agressividade
diante do fracasso escolar podem resultar também em problemas comportamentais.
Assim,
seguindo o sentido diagnóstico e de tratamento dos problemas de aprendizagem,
pode-se dizer que a primeira ação a ser realizada consta de uma caracterização
da dificuldade apresentada pelo aluno (aprendente), onde devem ser investigadas
as causas. Vale ressaltar que esta dificuldade afeta sobremaneira a sequência
de aprendizagem, incorrendo no baixo rendimento escolar, além de implicar em
desmotivação dos alunos (aprendestes). Alguns dos fatores que colaboram para
este quadro são:
Ø
Falhas no sistema educacional: o método da escola não condiz com o
tipo de raciocínio utilizado pelo aluno, ou os educando são inábeis;
Ø
Quadro neurológico ou
psiquiátrico: neste caso, além da terapia comportamental, é aconselhável
acompanhamento psiquiátrico;
Ø
Condições emocionais: a criança pode não se sentir bem na escola
por causa de algum educador, ou algum problema familiar está atrapalhando sua
atenção à educação;
Ø
Dificuldades de aprendizagem: a criança tem dificuldade em uma ou
mais área do ensino, por exemplo, em raciocínio matemático ou aprendizado
verbal.
Dentre as dificuldades de
aprendizagem, nota-se com maior frequência e intensidade a deficiência na
aquisição e desenvolvimento da LEITURA e ESCRITA, encontrada em muitas escolas
tanto pública como privadas. Este perfil tem sido perceptível, sobretudo, com a
realização das avaliações de aprendizagem em âmbito nacional, onde alunos do Ensino
Fundamental (5ª a 8ª série) e do Ensino Médio têm demonstrado dificuldades e
falta de conhecimento ortográfico, gramatical, de interpretação e raciocínio
lógico. De forma aleatória, pode-se afirmar que é um conjunto de aspectos que
concorrem para a não qualidade da aprendizagem. É preciso, portanto,
identificar o núcleo do problema.
Desta forma, identificada à
causa, ou causas, se caracteriza o problema e passa-se a planejar a
intervenção, atuando junto à escola, aos pais e à criança. O objetivo é criar
condições favoráveis para o desenvolvimento das habilidades nas quais a criança
apresenta baixo rendimento. Isto é feito por meio de um planejamento de ensino
que torne o estudo interessante para o aluno e seja adequado ao seu modo de
resolver problemas; e por meio de aconselhamento aos pais e professores sobre
como lidar com as dificuldades da criança e incentivar o seu aprendizado.
Muitas vezes, um aluno não
tem bom desempenho escolar porque seus hábitos de estudo são inadequados. Neste
caso, o analista do comportamento (psicopedagogo) e o aluno podem juntos
decidir estratégias de estudo mais eficientes, que levem em consideração o
tempo disponível, o local de estudo e a matéria a ser estudada. Este trabalho é
realizado de forma diferente com cada tipo de estudante, enfatizando as
características pessoais do aluno, suas necessidades imediatas e como ele se
relaciona com seu ambiente social e emocional.
Torna-se necessário
orientar o aluno que apresenta dificuldades e/ou que fogem aos padrões de
aprendizagem correspondente a cada etapa do ensino e também a família e o educador, para que juntos
aprendam a lidar com estas dificuldades, buscando a intervenção de um
profissional especializado ( psicopedagogos).
De maneira mais
generalizada, algumas práticas podem ser realizadas pelos pais de forma a
estabelecer uma relação de confiança e colaboração com a escola, com:
Ø
escute mais o seu filho;
Ø
informe aos professores
sobre os progressos feitos em casa em áreas de interesse mútuo; estabeleça
horários para estudar e realizar as tarefas de casa; sirva de exemplo, mostre
seu interesse e entusiasmo pelos estudos;
Ø
Desenvolva estratégias de modelação (existe um problema para ser
solucionado, pense em voz alta);
Ø
Aprenda com eles ao invés de querer ensinar somente;
Ø
Aproveite o momento do acompanhamento da tarefa para ser cúmplice,
parceiro e propor descobertas de respostas, ao invés de entregá-las prontas ao
seu filho;
Ø
Valorize sempre o que o seu
filho faz, mesmo que não tenha feito o que você pediu e em nível do que você
esperava;
Ø
Disponibilize materiais para auxiliar na aprendizagem;
Ø
É preciso conversar, informar e discutir com o seu filho sobre
quaisquer observações e comentários emitidos sobre ele.
E se você não dispõe desse
tempo com seu filho, não deixe de recomendar que as atividades que vão para
casa sejam acompanhadas e (re) ensinadas pela orientadora(professora do reforço),
ou por um parente, não esqueça de reservar um tempinho para saber dele como vai
na escola, quais as dificuldades e em que área ele precisa desprender maior
esforço. E nunca, o subestime.