quinta-feira, 18 de outubro de 2018


Quais são os tipos e graus de discalculia?

Temos seis subtipos, podendo ocorrer em combinações diferentes e com outros transtornos:
1.Discalculia Verbal – dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.
2.Discalculia Practognóstica – dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.
3.Discalculia Léxica – Dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.
4.Discalculia Gráfica – Dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
5.Discalculia Ideognóstica – Dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos.
6.Discalculia Operacional – Dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.
Dependendo do grau de imaturidade neurológica da criança, a discalculia pode
ser considerada em distintos graus:
Leve – reagem favoravelmente à intervenção psicopedagógica.
Médio – configura o quadro da maioria dos alunos que apresentam dificuldades específicas em matemáticas.
Limite – quando apresenta lesão neurológica, gerando algum déficit intelectual.
Quais os comprometimentos?
  • Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;
  • Conservar a quantidade: não compreendem que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas.
  • Sequenciar números: o que vem antes dos 11 e depois dos 15 – antecessor e sucessor.
  • Classificar números.
  • Compreender os sinais +, – , ÷, ×.
  • Montar operações.
  • Entender os princípios de medida.
  • Lembrar as sequências dos passos para realizar as operações matemáticas.
  • Estabelecer correspondência um a um: não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras.
  • Contar através dos cardinais e ordinais.
Os processos cognitivos envolvidos na discalculia são:
  1. Dificuldade na memória de trabalho;
  2. Dificuldade de memória em tarefas não-verbais;
  3. Dificuldade na soletração de não-palavras (tarefas de escrita);
  4. Não há problemas fonológicos;
  5. Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem;
  6. Dificuldade nas habilidades viso-espaciais;
  7. Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.
Os requisitos necessários para o aprendizado de matemática e as dificuldades causadas pela discalculia:
  • Ter compreensão dos conceitos de igual e diferente, curto e longo, grande e pequeno, menos que e mais que. Classificar objetos pelo tamanho, cor e forma.
  • Reconhecer números de 0 a 9 e contar até 10.
  • Nomear formas.
  • Reproduzir formas e figuras.
  • Problemas em nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos.
  • Insucesso ao enumerar, comparar, manipular objetos reais ou em imagens 6 a 12 anos.
  • Agrupar objetos de 10 em 10.
  • Ler e escrever de 0 a 99.
  • Nomear o valor do dinheiro.
  • Dizer a hora.
  • Realizar operações matemáticas como soma e subtração.
  • Começar a usar mapas.
  • Compreender metades, quartas partes e números ordinais.
  • Leitura e escrita incorreta dos símbolos matemáticos 12 a 16 anos.
  • Capacidade para usar números na vida cotidiana.
  • Uso de calculadoras.
  • Leitura de quadros, gráficos e mapas.
  • Entendimento do conceito de probabilidade.
  • Desenvolvimento de problemas.
  • Falta de compreensão dos conceitos matemáticos.
  • Dificuldade na execução mental e concreta de cálculos numéricos.
Alunos que apresentam os sintomas de discalculia podem frequentar normalmente as salas de aula, pois, esse distúrbio tem um tratamento específico acompanhado por uma equipe de especialistas que tentar minimizar os efeitos dessa dificuldade em manipular os números.
O diagnóstico do aluno com discalculia pode ser notado já na pré-escola, quando ainda estar aparecendo alguns sinais do distúrbio, quando a criança apresenta dificuldade em responder às relações matemáticas, tais como: igual e diferente, maior menor. Mas ainda é cedo para um diagnóstico preciso. É só a partir dos sete ou oito anos, com a introdução dos símbolos específicos da matemática e das operações básicas, que os sintomas se tornam mais visíveis.
É importante chegar a um diagnóstico o mais rapidamente para iniciar as intervenções adequadas. O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar – Neurologista, Psicopedagogo, Fonoaudiólogo, Psicólogo – para um encaminhamento correto.
Não devemos ignorar que a participação da família e da escola é fundamental no reconhecimento dos sinais de dificuldades.
Deve-se ter muito cuidado ao fazer um pré-diagnostico de uma criança com suspeita de discalculia, pois podemos estar cometendo um erro muito serio, bem como estar rotulando essa criança a um distúrbio que ela não tem, condenando um aluno para o resto de sua vida.
Um fator muito importante é fazer a eliminação de suspeita de outros distúrbios tais como: acalculia é a total falta de habilidade para desenvolver qualquer tarefa matemática, que geralmente indica um dano cerebral. Esse problema afeta a criança a aprender os princípios básicos da contagem.
Intervenções Psicopedagógicas
O tratamento é efeito de forma minuciosa, em que o Psicopedagogo é o protagonista dessa longa e árdua caminhada. A participação de outros profissionais é vista como uma valiosa participação tornando os trabalhos muito mais significativos. Entre eles o acompanhamento de neurologista, de um psicólogo, de um terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e a família. O paciente deve estar inteiramente disposto a aceitar o problema e o seu tratamento que dispõe de muitos custos.
Idealmente, os transtornos de aprendizagem devem ser tratados a partir de um conceito multidisciplinar, biopsicossocial. A avaliação deve ser abrangente e considerar todos os possíveis fatores que possam estar contribuindo para o problema. O cerne do atendimento é psicopedagógico, mas outros profissionais podem contribuir de forma significativa.
O médico neurologista, por exemplo, pode excluir e/ou tratar fatores agravantes, tais como transtornos de ansiedade, depressão hiperatividade, epilepsia etc.
A intervenção psicológica desempenham um papel importante no diagnóstico do potencial intelectual, perfil neuropsicológico bem como diagnóstico e tratamento de fatores motivacionais e afetivos correlatos, como a baixa autoestima, depressão, insegurança, baixa resistência a frustração.
Outros profissionais, como fonoaudiólogas e terapeutas ocupacionais podem contribuir significativamente no atendimento de dificuldades da linguagem e/ou da coordenação motora, atenção etc. O ideal é que o plano de tratamento seja formulado de forma colaborativa entre a criança, os pais, as educadoras e os demais profissionais.
Uma Avaliação Neuropsicológica permite reconhecer os pontos fortes e fracos das crianças contribuindo para o planejamento das estratégias mais eficazes de intervenção.
O tratamento deve focalizar os níveis orgânicos, educacionais e psicológicos. Apesar de o tratamento ser multidisciplinar, nem todas as intervenções devem ser realizas simultaneamente. O tratamento é implementado em longo prazo e envolve um custo enorme em termos de recursos de trabalho e tempo, emocionais, financeiros etc.
Devem ser estabelecidas prioridades, de comum acordo entre os envolvidos. Nenhum tratamento será eficaz se não for aceito pelo cliente principal que é a criança. É preciso considerar também e fazer bom uso dos recursos disponíveis na comunidade.
Pode-se perceber que o tratamento da discalculia é composto por profissionais tanto na área educacional e também de profissionais da área da saúde. Assim, é notória a gravidade e a importância de se conhecer e saber lidar com a discalculia que é cada vez mais presente e cada vez menos difundida.
A ansiedade e a depressão podem estar presentes nos transtornos de aprendizagem, sempre se deve avaliar a importância desses componentes no agravamento dos problemas com a matemática.
O prognóstico dos alunos com discalculia depende de variáveis tais como: severidade do transtorno, grau de deficiência da criança na execução de provas neuropsicológicas, prontidão para iniciar o tratamento e a cooperação dos pais como coadjuvantes do tratamento.
Quando as crianças com discalculia não recebem tratamento de intervenção Psicopedagógica e Psicológica acabam apresentando vários comprometimentos em seu desenvolvimento:
1) contribui para a redução da escolarização profissional e da qualificação profissional;
2) afeta o bem-estar do indivíduo e da família, causando estresse, desmoralizando a criança, diminuído sua auto-estima, a motivação para o estudo e podendo ser um fator contributório para formas de transtornos mentais;
3) a frustração associada às dificuldades crônicas de aprendizagem associa-se ao surgimento de comportamentos desadaptativos do tipo desobediência, agressividade e comportamentos anti-sociais.
De um modo geral, a educação matemática insuficiente compromete o funcionamento do indivíduo na vida cotidiana e social, sendo um dos principais fatores associados com desemprego e renda inferior.
Quanto mais precoce for o diagnóstico, o professor juntamente com a equipe multidisciplinar poderá atuar como minimizadores dos sintomas que a discalculia manifesta.
Sendo assim, a criança com discalculia passa a ter um novo desenvolvimento nas suas práticas educacionais, com menos dificuldades, com um maior desempenho escolar, conforto e acima de tudo proporcionar uma vida cada vez mais próxima da normalidade.
Não se pode apenas pensar em diagnosticar a criança, deve-se também analisar qual é o melhor tratamento e esse deve ser feito de forma sistemática.