quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)




O que eu  ouço muito das mães é que os filhos não param quietos nem para comer. Desde a hora em que se levanta até a hora em que vai dormir, anda de um lado para o outro, pula, sobe nos móveis, derruba as cadeiras que encontra pelo caminho, corre pela casa. Seu quarto é um verdadeiro caos. Espalha roupas e objetos, mesmo aqueles que não estão usando no momento, revira as gavetas, não fecha as portas dos armários.
No colégio, então, é um terror. Sua agitação incomoda os colega, professores e prejudicam os relacionamentos. A desatenção e a inquietude interferem também no rendimento escolar. Não termina as lições, comete erros grosseiros nos exercícios e redações, esquece conteúdos que dominava satisfatoriamente um dia antes, rasga a folha da prova de tantas vezes que apaga as respostas.
Geralmente, essas queixas caracterizam os portadores do Transtorno de Téficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), uma doença que acomete as crianças, mas que pode prosseguir pela a vida adulta, comprometendo o desempenho profissional, familiar e afetivo dessas pessoas.
Em geral, as crianças são travessas, peraltas e desatentas. Como se estabelece o limite entre a desatenção e inquietude própria da idade e o comportamento potencialmente patológico?
 À medida que a criança vai crescendo, aumenta o nível de exigência sobre ela. No entanto, o típico é o Transtorno de Téficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ficar evidente quando ela vai para a escola. Normalmente, a criança consegue ficar sentada na carteira da sala de aula, prestar atenção no que a professora fala, tomar nota, faz o exercícios e aprende as lições. A criança hiperativa, no entanto, com déficit de atenção não para quieta e comete erros por distração. Muitas vezes, fica evidente que ela sabe a matéria, mas não acerta as repostas porque está distraída.
Existem casos mais leves da doença que eventualmente podem ser contornados apenas com medidas pedagógicas e há os mais graves que exigem tratamento medicamentoso.
 Para fazer o diagnóstico de déficit de atenção e hiperatividade, os sintomas precisam manifestar-se em dois ambientes distintos. Em geral, eles ocorrem em casa e na escola. A mãe, que geralmente acompanha a criança nos deveres de casa, percebe a agitação e a demora em realizar  as tarefas. A professora nota o mesmo comportamento na escola. Por isso, pais e professores são bons informantes para ajudar o médico que observa a criança no consultório.
A criança hiperativa já nasce com a doença, tanto que para fazer o diagnóstico em outras fases da vida é preciso investigar como foi a evolução da enfermidade na infância.
O TDAH jamais se inicia quando o indivíduo é adulto. Ao contrário. Em geral, evolui com melhora dos sintomas, tanto que até alguns anos atrás acreditava-se que desaparecia com o crescimento. Hoje se sabe que, apesar de diminuírem o número e a intensidade dos sintomas nos adolescentes e adultos, parte das crianças continua com o problema por toda a vida e apresenta as dificuldades decorrentes da doença.
É importante lembrar que, quando se fala hiperatividade, estamos nos referido a dois sintomas  a hiperatividade e a impulsividade.
Basicamente na criança, a hiperatividade está ligada à motricidade, aos movimentos. É a criança agitada, que não para quieta um segundo se quer, com o bicho carpinteiro, como dizem as pessoas mais velha. Já a impulsividade se caracteriza pelo agir sem pensar. Crianças hiperativas se machucam mais, sofrem mais acidentes, porque são intempestivas. Não têm paciência nenhuma, interrompem quem está falando, intrometem-se na conversa alheia. Esse é um sintoma que se manifesta também nos adolescentes e adultos.
 A síndrome tem esses dois sintomas básicos. Pode predominar um deles, mas em boa parte dos casos tanto o déficit de atenção quanto a hiperatividade estão presentes.
 Essa é uma situação bastante comum. Há pessoas com déficit de atenção e hiperatividade que passam a vida toda sem terem sido diagnosticadas. Dá para imaginar quantos obstáculos precisaram vencer para chegar à universidade.
Na verdade, as queixas dos adultos são as mesmas das crianças: distração, dificuldade para concentrar-se, baixo rendimento no trabalho, impulsividade. Agem sem pensar e depois se arrependem do que fizeram.
Os primeiros passos para o diagnóstico nessa faixa de idade é tirar uma história, tentar obter o máximo possível de dados sobre a infância da pessoa. É importante saber se, na escola, a professora reclamava de sua indisciplina, se era desorganizada, apresentava lições mal feitas, tinha os cadernos soltos, sujos, rasgados, bagunçados e o material em desordem.
Nem sempre é fácil conseguir tais informações. Às vezes, a própria pessoa não tem lembrança clara de como eram as coisas. Uma saída é recorrer a informantes que lhe sejam próximos. Se os pais estão vivos, podem ser fonte importante de consulta.
Para o diagnóstico, levam-se em conta também as queixas atuais: o trabalho que não rende, a dificuldade para concentrar-se na leitura de um texto mais longo ou realizar as tarefas do dia a dia, o incômodo por ficar sentada numa reunião mais prolongada ou monótona, a dificuldade para assistir a uma aula na faculdade ou a um curso que exija concentração e permanência numa posição constante. Tudo isso somado ao fato de que se esquece dos compromissos e de pagar as contas. Delinear esse conjunto de dados possibilita reconhecer um quadro de déficit de atenção e hiperatividade no adulto.
 Muitas vezes, as pessoas não reconhecem suas falhas de atenção como uma doença passível de tratamento. Elas as incorporam como características de personalidade, como seu jeito de ser.  Admitir que possam ser sintomas de uma doença é o primeiro passo para buscar ajuda e tratamento e contornar o problema.
Além disso, é fundamental criar estratégias para compensar a desorganização natural e a falta de atenção dessas pessoas. Quanto mais rotineiras e sistemáticas forem, melhor será seu desempenho nas diferentes áreas.
De modo geral, os adultos com déficit de atenção e hiperatividade já desenvolveram algumas técnicas para lidar com as próprias dificuldades. Como sabem que são distraídos, anotam com cuidado os compromissos na agenda, criam hábitos como deixar os objetos sempre no mesmo lugar e estabelecem determinadas rotinas na vida.
Em relação às crianças, desenvolver essas atitudes comportamentais irá ajudá-las a organizar-se melhor. Outra dica importante é reconhecer os danos à autoestima que a doença provocou e procurar uma abordagem psicologica.

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