Análise
dos desenhos infantis.
Criança falar através dos desenhos.
Acompanhamento psicopedagógico na clinica
Como
falei em artigos anteriores as crianças falam através dos desenhos. Porém, essa
analise só poderá ser feita por profissionais como psicopedagogos e em alguns
caso pelo psicólogos.
O professor
é importante nesse processo pois ele vai observar o comportamento, os desenhos
da criança e formar uma queixa para que o psicopedagogo possa está trabalhando
em cima desta queixa, mas essa queixa servirá apenas de parâmetro para as
investigações, isso não quer dizer que essa queixa seja verdade absoluta.
Preste
bastante atenção neste relato que aconteceu em uma escola municipal de Timon-MA
na qual trabalhei 02 anos como supervisora escola, mas atuava também como
psicopedagoga.
Como
eu era supervisora volante e trabalhava em 04 escolas, tinha apenas um dia por semana
em cada escola para acompanhar crianças, adolescentes e orientar professores em
planejamentos diários, mensais e nas verificações de aprendizagens (provas).
Como
de costume ao chegar na escola eu já passava direto para as salas desejar um
bom dia as crianças e observar o início das aula, principalmente da educação
infantil que era meu alvo principal sem falar que também é minha paixão. Sempre
cantava com eles e a professora a música de abertura da aula que era tema do
conteúdo ministrado no dia.
Para
minha surpresa vi uma garotinha de 06 anos pintando um desenho, uma baleia,
essa baleia ficou tão preta que dava até medo só em olhá-la. Ao observar que eu
tinha ficado olhando demais para aquela criança a professora talvez por querer
se defender daquilo que não estava sendo acusar, foi logo se defendendo “essa
menina só pinta de preto os desenhos eu já ia mesmo te informar isso, acho que
ela tem problema de aprendizado”. Então ela conduziu a criança até minha sala
para que eu fizesse uma investigação no caso. Porém, a queixa era que essa
criança só pintava os desenhos de preto, mesmo disponibilizando lápis de cores
para ela. Ou seja, os potinhos de lápis coloridos eram disponibilizados para o
uso coletivo, ficando 04 crianças em uma mesa com 02 potinhos.
Desenho pintado na sala de aula.
Junto
com a criança veio o desenho (baleia) que ela havia pintado de preto e outro
igual para eu trabalhar com ela. Ao observar o desenho fiquei pensando, já que
se trata de uma baleia ela pode ter assistindo o filme “Oca, a baleia assassina”
e o a imagem da baleia ficou internalizado. Mas, era cedo demais para tirar
conclusões, ouvi a criança, como era sua família, quem mora com ela em casa,
quantos irmãos tinha, quem era mais velho, dentre outra informações.
Daí então,
começamos ao trabalho de pintura, ao colocar o potinho de lápis colorido e o
desenho para ela pintar ao invés de começar a pintar ela ficou me olhando
parada como se estivesse paralisada. Então incentivei-a, a pintar, ela olhou
para eu e disse” tia pega primeiro os teus lápis depois que a senhora pegar os
teus lápis aí eu pego os meus”.
Foi então
que eu entendi o porquê dos desenhos serem pintados de preto. Mas continuei,
foi pegando os lápis de cores, quando restaram somente o preto e o marrom foi
que ela pegou-os e começou a pintar seu desenho. Já sabendo o que estava
acontecendo, foi conversando com ela sobre a casa dela, sobre o irmãozinho, já
que ela só tinha um irmão de 03 anos. Ela pintando e me relatando “tia tua
sabia que a mamãe só dá tudo por meu irmãozinho, ele é primeiro em tudo, só ele
pode dormir com minha mãe, assisti o desenho que quer, eu sou sempre a última
em tudo, tudo, tudinho mesmo tia, tu acredita nisso? É lá em casa, é na sala,
os meninos pegam todos os lápis colorido, só deixam pra mim o preto véi e o
marrom feio, odiu esse marrom!”.
Desenho pintado após o acompanhamento psicopedagógico
Eu perguntei, porque você não fala com sua professora e como os colegas
para deixar os lápis colorido para você ou então não pega primeiro que eles? E
ele responder, sou sempre a última mesmo, a mamãe só dá tudo pro nenê!
Foi
aí então que concluir minha análise, como em casa ela era excluída, involuntariamente
pela mãe, ela já havia se acostumada, ao chegar na sala de aula, esperar os
coleguinhas a pegarem os lápis coloridos, restando então somente os lápis preto
e marrom para ela pintar.
Pedir
para ela parar a pintura, deu outro desenho a ela, expliquei a ela que ela
tinha os mesmos direito dos outros colegas, poderia pegar os lápis que
quisesse, caso eles pegassem primeiro que ela, ela esperasse eles terminarem ou
então pedisse a professoras outros lápis, não aceitar tudo que lhe fosse imposto,
em casa do mesmo jeito, tinha que respeitar papai, mamãe e os mais velhos,
porém tem que dizer o que gosta e o que não gosta.
Chamei
a professora e mãe para uma conversa, expliquei a situação, orientei-as e a criança
não teve mais problema ao pintar desenhos, o preto que ela passou a usar foi
somente ao necessário, onde era solicitado ou como em olhos, cabelos dentre
outros. Nada mais de desenho todo preto.
É por
isso que eu falo sempre a questão do observar, do conhecer a criança, sua família,
sua vida, até então suspeitava-se que essa criança poderia ter um problema sério.
Elas falam através dos desenhos, porém, é necessário ter profissionais que
conheçam essa linguagem. O professora não está preparado para esse tipo de
situação, sua formação é de transmitir o conhecimento.