segunda-feira, 2 de dezembro de 2013


Análise dos desenhos infantis.

Criança falar através dos desenhos.

Acompanhamento psicopedagógico na clinica

Como falei em artigos anteriores as crianças falam através dos desenhos. Porém, essa analise só poderá ser feita por profissionais como psicopedagogos e em alguns caso pelo psicólogos.

O professor é importante nesse processo pois ele vai observar o comportamento, os desenhos da criança e formar uma queixa para que o psicopedagogo possa está trabalhando em cima desta queixa, mas essa queixa servirá apenas de parâmetro para as investigações, isso não quer dizer que essa queixa seja verdade absoluta.
Preste bastante atenção neste relato que aconteceu em uma escola municipal de Timon-MA na qual trabalhei 02 anos como supervisora escola, mas atuava também como psicopedagoga.

Como eu era supervisora volante e trabalhava em 04 escolas, tinha apenas um dia por semana em cada escola para acompanhar crianças, adolescentes e orientar professores em planejamentos diários, mensais e nas verificações de aprendizagens (provas).

Como de costume ao chegar na escola eu já passava direto para as salas desejar um bom dia as crianças e observar o início das aula, principalmente da educação infantil que era meu alvo principal sem falar que também é minha paixão. Sempre cantava com eles e a professora a música de abertura da aula que era tema do conteúdo ministrado no dia.

Para minha surpresa vi uma garotinha de 06 anos pintando um desenho, uma baleia, essa baleia ficou tão preta que dava até medo só em olhá-la. Ao observar que eu tinha ficado olhando demais para aquela criança a professora talvez por querer se defender daquilo que não estava sendo acusar, foi logo se defendendo “essa menina só pinta de preto os desenhos eu já ia mesmo te informar isso, acho que ela tem problema de aprendizado”. Então ela conduziu a criança até minha sala para que eu fizesse uma investigação no caso. Porém, a queixa era que essa criança só pintava os desenhos de preto, mesmo disponibilizando lápis de cores para ela. Ou seja, os potinhos de lápis coloridos eram disponibilizados para o uso coletivo, ficando 04 crianças em uma mesa com 02 potinhos.
Desenho pintado na sala de aula.

Junto com a criança veio o desenho (baleia) que ela havia pintado de preto e outro igual para eu trabalhar com ela. Ao observar o desenho fiquei pensando, já que se trata de uma baleia ela pode ter assistindo o filme “Oca, a baleia assassina” e o a imagem da baleia ficou internalizado. Mas, era cedo demais para tirar conclusões, ouvi a criança, como era sua família, quem mora com ela em casa, quantos irmãos tinha, quem era mais velho, dentre outra informações.

Daí então, começamos ao trabalho de pintura, ao colocar o potinho de lápis colorido e o desenho para ela pintar ao invés de começar a pintar ela ficou me olhando parada como se estivesse paralisada. Então incentivei-a, a pintar, ela olhou para eu e disse” tia pega primeiro os teus lápis depois que a senhora pegar os teus lápis aí eu pego os meus”.

Foi então que eu entendi o porquê dos desenhos serem pintados de preto. Mas continuei, foi pegando os lápis de cores, quando restaram somente o preto e o marrom foi que ela pegou-os e começou a pintar seu desenho. Já sabendo o que estava acontecendo, foi conversando com ela sobre a casa dela, sobre o irmãozinho, já que ela só tinha um irmão de 03 anos. Ela pintando e me relatando “tia tua sabia que a mamãe só dá tudo por meu irmãozinho, ele é primeiro em tudo, só ele pode dormir com minha mãe, assisti o desenho que quer, eu sou sempre a última em tudo, tudo, tudinho mesmo tia, tu acredita nisso? É lá em casa, é na sala, os meninos pegam todos os lápis colorido, só deixam pra mim o preto véi e o marrom feio, odiu esse marrom!”.
Desenho pintado após o acompanhamento psicopedagógico

Eu perguntei,  porque você não fala com sua professora e como os colegas para deixar os lápis colorido para você ou então não pega primeiro que eles? E ele responder, sou sempre a última mesmo, a mamãe só dá tudo pro nenê!

Foi aí então que concluir minha análise, como em casa ela era excluída, involuntariamente pela mãe, ela já havia se acostumada, ao chegar na sala de aula, esperar os coleguinhas a pegarem os lápis coloridos, restando então somente os lápis preto e marrom para ela pintar.

Pedir para ela parar a pintura, deu outro desenho a ela, expliquei a ela que ela tinha os mesmos direito dos outros colegas, poderia pegar os lápis que quisesse, caso eles pegassem primeiro que ela, ela esperasse eles terminarem ou então pedisse a professoras outros lápis, não aceitar tudo que lhe fosse imposto, em casa do mesmo jeito, tinha que respeitar papai, mamãe e os mais velhos, porém tem que dizer o que gosta e o que não gosta.

Chamei a professora e mãe para uma conversa, expliquei a situação, orientei-as e a criança não teve mais problema ao pintar desenhos, o preto que ela passou a usar foi somente ao necessário, onde era solicitado ou como em olhos, cabelos dentre outros. Nada mais de desenho todo preto.


É por isso que eu falo sempre a questão do observar, do conhecer a criança, sua família, sua vida, até então suspeitava-se que essa criança poderia ter um problema sério. Elas falam através dos desenhos, porém, é necessário ter profissionais que conheçam essa linguagem. O professora não está preparado para esse tipo de situação, sua formação é de transmitir o conhecimento.

2 comentários:

Anónimo disse...

Minha filha é TDAH, e na escola só gosta de pintar de preto, é filha única então não tem esse problema de se sentir a ultima. Tem alguma outra forma de saber o motivo pelo qual ela gosta tanto de pintar de preto????

Anónimo disse...

Meu filho é o segundo filho tenho uma filha mais velha, no jardim de infância a professora dele me chamou e falou que eu tinha que levar ele no psicólogo porque ele coloria tudo de preto, o pai dele na época não aceitou. Gostaria de saber se influenciou hoje na vida adulta e na adolescência?