A psicopedagogia diante do Fracasso Escolar.
A proposta é de como seria a atuação do
psicopedagogo diante do fracasso escolar. Segundo Fernández (1990) o fracasso
escolar responde a duas ordens de causas que se encontram imbicadas na história
do sujeito próprios da estrutura familiar e individual daquele que fracassa em
aprender e próprios do sistema escolar, sendo estes últimos determinantes. E
que é preciso não confundir os fracassos escolares com problemas de aprendizagem
para poder intervir antes que sejam produzidos, pois, muitas vezes, um pode
derivar do outro. Bossa (2007, p. 21-22) traz a seguinte contribuição: objeto
de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques:
preventivo e terapêutico. O enfoque preventivo considera o objeto de estudo da
Psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. Seu objeto
de estudo é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as
alterações de tais processos. Focaliza as possibilidades do aprender, num
sentido amplo.
Não
deve se restringir a um só dispositivo como a escola, mas ir também à família e
à comunidade. Poderá esclarecer, de forma mais ou menos sistemática, o educador,
pais e administradores sobre as características das diferentes etapas do
desenvolvimento, sobre o progresso nos processos de aprendizagem, sobre as
condições psicodinâmicas da aprendizagem, sobre as condições determinantes de dificuldades
de aprendizagem. O enfoque terapêutico
considera o objeto de estudo da psicopedagogia a identificação, análise,
elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem.
Como
diagnóstico, um fracasso escolar pode diferenciar-se de um problema de
aprendizagem, analisando a modalidade de aprendizagem do aprendente em sua
relação com a modalidade ensinante da instituição escolar. Nas situações de
fracasso escolar, a modalidade de aprendizagem do sujeito não se torna
patológica; quando se constitui um problema de aprendizagem (inibição cognitiva
ou sintoma), a modalidade de aprendizagem altera-se.
Para
prevenir o fracasso escolar, é necessário trabalhar em e com a instituição escolar,
realizar um trabalho para que o educador possa conectar-se com sua própria autoria
e, portanto, seu aluno possa aprender com prazer, denunciar a violência
encoberta e aberta instalada no sistema educativo. Mas uma vez gerado o
fracasso e conforme o tempo de sua permanência, o psicopedagogo também deverá
intervir para que o fracasso do aprendente, encontrando um terreno fértil na
criança e em sua família, não se constitua em um sintoma neurótico. (Fernandez,
1990 p. 64).
É
importante e necessário que se permita estar em conexão com variadas relações
no intuito de entender as possibilidades de abordagem do trabalho psicopedagógico.
A contribuição acima vem reforçar, também, a ideia da prevenção na psicopedagogia
e mostra como esta deve estar interligada com os olhares da psicologia,
pedagogia, fonoaudiologia, sociologia, antropologia, enfim, possibilitando uma conexão
contínua com o objetivo de entender o paciente na sua complexidade e ao mesmo
tempo na sua singularidade.
São várias as definições de psicopedagogia ou tentativas organizadas de
se conceituá-la e essas definições foram sendo construídas também ao longo de
um processo histórico. Bossa (2007) reitera esse caminho que passou pela
concepção de não aprendizagem, com o foco na falta, posteriormente esse olhar
sobre a não aprendizagem passa a ser identificada como cheio de significados e
passa a levar em conta a singularidade do sujeito, buscando esmiuçar características
de acordo com a sua relação direta com o meio sociocultural em que está inserido.
Segundo
Bossa (2007, p. 24) reitera esta constatação afirmando que: Atualmente, a
Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual
participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e
intelectuais que interferem na forma da relação do sujeito com o meio, sendo
que essas disposições influenciam são influenciadas pelas condições
socioculturais do sujeito e do seu meio.
O que Bossa traz é o exercício da visão relacional sobre o sujeito que
manifesta suas inquietações no espaço de aprendizagem. E é nesse ponto que se
acredita na possibilidade de encontrar um caminho para a estruturação de um
trabalho preventivo na sala de aula.
O psicopedagogo
atuaria em conjunto com o educador no sentido de estar fornecendo subsídios e
elementos estruturais (teórico-prático) para que essa visão abrangente pudesse
ser internalizada por aquele que ali, naquele espaço, exerce a condição de
mediador do conhecimento.
O
percurso feito minimamente até aqui nos mostra o quanto o momento atual
sinaliza para que todos, profissionais que lidam diretamente com sujeitos,
estejam atentos a tudo que está ao redor, que seria o contexto que ele, o
sujeito está inserido. Isso é o que deve se buscar sempre. Através da reflexão
constante, da auto avaliação, da busca por informações, por suporte teórico que
possibilite um maior embasamento, segurança no agir, liberdade no mediar e
felicidade e realização em poder contribuir de alguma forma em todo o processo.
Sem comentários:
Enviar um comentário