domingo, 22 de fevereiro de 2015



        A psicopedagogia diante do Fracasso Escolar.



A proposta é de como seria a atuação do psicopedagogo diante do fracasso escolar. Segundo Fernández (1990) o fracasso escolar responde a duas ordens de causas que se encontram imbicadas na história do sujeito próprios da estrutura familiar e individual daquele que fracassa em aprender e próprios do sistema escolar, sendo estes últimos determinantes. E que é preciso não confundir os fracassos escolares com problemas de aprendizagem para poder intervir antes que sejam produzidos, pois, muitas vezes, um pode derivar do outro. Bossa (2007, p. 21-22) traz a seguinte contribuição: objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico. O enfoque preventivo considera o objeto de estudo da Psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. Seu objeto de estudo é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de tais processos. Focaliza as possibilidades do aprender, num sentido amplo.

       Não deve se restringir a um só dispositivo como a escola, mas ir também à família e à comunidade. Poderá esclarecer, de forma mais ou menos sistemática, o educador, pais e administradores sobre as características das diferentes etapas do desenvolvimento, sobre o progresso nos processos de aprendizagem, sobre as condições psicodinâmicas da aprendizagem, sobre as condições determinantes de dificuldades de aprendizagem.  O enfoque terapêutico considera o objeto de estudo da psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem.

       Como diagnóstico, um fracasso escolar pode diferenciar-se de um problema de aprendizagem, analisando a modalidade de aprendizagem do aprendente em sua relação com a modalidade ensinante da instituição escolar. Nas situações de fracasso escolar, a modalidade de aprendizagem do sujeito não se torna patológica; quando se constitui um problema de aprendizagem (inibição cognitiva ou sintoma), a modalidade de aprendizagem altera-se.

       Para prevenir o fracasso escolar, é necessário trabalhar em e com a instituição escolar, realizar um trabalho para que o educador possa conectar-se com sua própria autoria e, portanto, seu aluno possa aprender com prazer, denunciar a violência encoberta e aberta instalada no sistema educativo. Mas uma vez gerado o fracasso e conforme o tempo de sua permanência, o psicopedagogo também deverá intervir para que o fracasso do aprendente, encontrando um terreno fértil na criança e em sua família, não se constitua em um sintoma neurótico. (Fernandez, 1990 p. 64).
        É importante e necessário que se permita estar em conexão com variadas relações no intuito de entender as possibilidades de abordagem do trabalho psicopedagógico. A contribuição acima vem reforçar, também, a ideia da prevenção na psicopedagogia e mostra como esta deve estar interligada com os olhares da psicologia, pedagogia, fonoaudiologia, sociologia, antropologia, enfim, possibilitando uma conexão contínua com o objetivo de entender o paciente na sua complexidade e ao mesmo tempo na sua singularidade.

         São várias as definições de psicopedagogia ou tentativas organizadas de se conceituá-la e essas definições foram sendo construídas também ao longo de um processo histórico. Bossa (2007) reitera esse caminho que passou pela concepção de não aprendizagem, com o foco na falta, posteriormente esse olhar sobre a não aprendizagem passa a ser identificada como cheio de significados e passa a levar em conta a singularidade do sujeito, buscando esmiuçar características de acordo com a sua relação direta com o meio sociocultural em que está inserido.
      Segundo Bossa (2007, p. 24) reitera esta constatação afirmando que: Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma da relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio.  O que Bossa traz é o exercício da visão relacional sobre o sujeito que manifesta suas inquietações no espaço de aprendizagem. E é nesse ponto que se acredita na possibilidade de encontrar um caminho para a estruturação de um trabalho preventivo na sala de aula.

 O psicopedagogo atuaria em conjunto com o educador no sentido de estar fornecendo subsídios e elementos estruturais (teórico-prático) para que essa visão abrangente pudesse ser internalizada por aquele que ali, naquele espaço, exerce a condição de mediador do conhecimento.


       O percurso feito minimamente até aqui nos mostra o quanto o momento atual sinaliza para que todos, profissionais que lidam diretamente com sujeitos, estejam atentos a tudo que está ao redor, que seria o contexto que ele, o sujeito está inserido. Isso é o que deve se buscar sempre. Através da reflexão constante, da auto avaliação, da busca por informações, por suporte teórico que possibilite um maior embasamento, segurança no agir, liberdade no mediar e felicidade e realização em poder contribuir de alguma forma em todo o processo.

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