O processo ensino/aprendizado é fascilante, compreender como
aprendemos e o porquê de muitas pessoas inteligentes, dedicadas e, até, mesmo
geniais enfrentaram dificuldades em sua
vida escolar, é extraordinário, as dificuldades no aprendizado, é desafio que a
Ciência vem deslindando paulatinamente. E com o desenvolvimento tecnológico de
nossos dias, com destaque ao apoio da técnica de ressonância magnética
funcional, as conquistas dos últimos dez anos têm trazido respostas
significativas, relevantes sobre as dificuldades no aprendizado principalmente no
que s refere o que é Dislexia.
Essa significância nos leva a complexidade do entendimento do
que é Dislexia, está diretamente vinculada ao entendimento do ser humano:
Ø De quem somos;
Ø Do que é Memória;
Ø Pensamento;
Ø Pensamento e linguagem;
Ø De como aprendemos;
Ø E do por que podemos encontrar facilidades
até geniais, mescladas de dificuldades até básicas em nosso processo individual
de aprendizado.
O maior problema para assimilarmos esta realidade está no
conceito arcaico de que: "quem é bom, é bom em tudo", isto é, a
pessoa, porque é inteligente, tem que saber tudo e ser habilidoso em tudo o que
faz. Posição equivocada que Howard Gardner aprofundou com excepcional mestria,
em suas pesquisas e estudos registrados, especialmente, em sua obra Inteligências
Múltiplos. Que transformou em pesquisa cientificamente
comprovada, e o alçou à posição de um dos maiores educadores de todos os
tempos.
A evolução progressiva de entendimento do que é Dislexia,
resultante do trabalho cooperativo de mentes brilhantes que têm-se doado em
persistentes estudos, tem marcadores claros do progresso que vem sendo
conquistado. Durante esse longo período de pesquisas que transcende gerações, o
desencontro de opiniões sobre o que é Dislexia redundou em mais de cem nomes
para designar essas específicas dificuldades de aprendizado, e em cerca de 40 definições,
sem que nenhuma delas tenha sido universalmente aceita. Recentemente, porém, no
entrelaçamento de descobertas realizadas por diferentes áreas relacionadas aos
campos da Educação e da Saúde, foram surgindo respostas importantes e
conclusivas, como:
Ø Dislexia tem base neurológica, e que
existe uma incidência expressiva de fator genético em suas causas;
Ø Ela é transmitida por um gene de uma pequena
ramificação do cromossomo + 6 que, por ser dominante, torna Dislexia altamente
hereditária, o que justifica que se repita nas mesmas famílias;
Ø Que
o disléxico tem mais desenvolvida área específica de seu hemisfério cerebral
lateral-direito do que leitores normais.
Condição que, segundo estudiosos,
justificaria seus "dons" como expressão significativa desse potencial,
que está relacionado à sensibilidade, artes, atletismo, mecânica, visualização
em 03 dimensões, criatividade na solução de problemas e habilidades intuitivas;
que, embora existindo disléxicos ganhadores de medalha olímpica em esportes, a
maioria deles apresenta imaturidade psicomotora ou conflito em sua dominância e
colaboração hemisférica cerebral direita-esquerda. Dentre estes, há um grande
exemplo brasileiro que, embora somente com sua autorização pessoal poderíamos
citar o seu nome, ele que é uma de nossas mentes mais brilhantes e criativas no
campo da mídia, declarou: "Não sei por que, mas quem me conhece também
sabe que não tenho domínio motor que me dê a capacidade de, por exemplo,
apertar um simples parafuso"; que, com a conquista científica de uma
avaliação mais clara da dinâmica de comando cerebral em Dislexia, pesquisadores
da equipe da Dra. Sally Shaywitz, da Yale University, anunciaram, recentemente,
uma significativa descoberta neurofisiológica, que justifica ser a falta de
consciência fonológica do disléxico, a determinante mais forte da probabilidade
de sua falência no aprendizado da leitura; que o Dr. Breitmeyer descobriu que
há dois mecanismos inter-relacionados no ato de ler:
Ø
O
mecanismo de fixação visual;
Ø
E o
mecanismo de transição ocular.
Mais tarde, foram
estudados pelo Dr. William Lovegrove e seus colaboradores, e demonstraram que
crianças disléxicas e não-disléxicas não apresentaram diferença na fixação
visual ao ler; mas que os disléxicos, porém, encontraram dificuldades
significativas em seu mecanismo de transição no correr dos olhos, em seu ato de
mudança de foco de uma sílaba à seguinte, fazendo com que a palavra passasse a
ser percebida, visualmente, como se estivesse borrada, com traçado carregado e
sobreposto. Sensação que dificultava a discriminação visual das letras que
formavam a palavra escrita. Como bem figura uma educadora e especialista alemã,
"... É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos do
disléxico".
A dificuldade de conhecimento e de definição do que é Dislexia,
faz com que se tenha criado um mundo tão diversificado de informações, que
confunde e desinforma. Além do que a mídia, no Brasil, as poucas vezes em que
aborda esse grave problema, somente o faz de maneira parcial, quando não de
forma inadequada e, mesmo, fora do contexto global das descobertas atuais da
Ciência.
Dislexia é causa ainda ignorada de evasão escolar em nosso país,
e uma das causas do chamado "analfabetismo funcional" que, por
permanecer envolta no desconhecimento, na desinformação ou na informação
imprecisa, não é considerada como desencadeante de insucessos no aprendizado.
Hoje, os mais
abrangentes e sérios estudos a respeito desse assunto, registram 20% da
população americana como disléxica, com a observação adicional: "existem
muitos disléxicos não diagnosticados em nosso país". Para sublinhar, de
cada 10 alunos em sala de aula, dois são disléxicos, com algum grau
significativo de dificuldades. Graus leves, embora importantes, não costumam
sequer ser considerados.
Também para realçar a grande importância da posição do disléxico
em sala de aula cabe, além de considerar o seríssimo problema da violência
infanto-juvenil, citar o lamentável fenômeno do suicídio de crianças que, nos
USA, traz o gravíssimo registro de que 40 (quarenta) crianças se suicidam todos
os dias, naquele país. E que dificuldades na escola e decepção que eles não
gostariam de dar a seus pais estão citadas entre as causas determinantes dessa
tragédia.
Ainda é de extrema relevância considerar estudos americanos, que
provam ser de 70% a 80% o número de jovens “delinquentes” nos USA, que
apresentam algum tipo de dificuldades de aprendizado. E que também é comum que
crimes violentos sejam praticados por pessoas que têm dificuldades para ler. E
quando, na prisão, eles aprendem a ler, seu nível de agressividade diminui
consideravelmente.
O Dr. Norman
Geschwind, M.D., professor de Neurologia da Harvard Medical School; professor
de Psicologia do MIT - Massachussets Institute of Tecnology; diretor da Unidade
de Neurologia do Beth Israel Hospital, em Boston, MA, pesquisador lúcido e
perseverante que assumiu a direção da pesquisa neurológica em Dislexia, após a
morte do pesquisador pioneiro, o Dr. Samuel Orton, afirma que a falta de
consenso no entendimento do que é Dislexia, começaram a partir da decodificação
do termo criado para nomear essas específicas dificuldades de aprendizado; que foi
eleito o significado latino DYS, como dificuldade; e lexia, como palavra. Mas
que é na decodificação do sentido da derivação grega de Dislexia, que está à significação intrínseca
do termo: DYS, significando imperfeito como disfunção, isto é, uma função
anormal ou prejudicada; e lexia que, do grego, dá
significação mais ampla ao termo palavra, isto é, como Linguagem em seu sentido abrangente.
Por toda complexidade do que, realmente, é Dislexia; por muita
contradição derivada de diferentes focos e ângulos pessoais e profissionais de
visão; porque os caminhos de descobertas científicas que trazem respostas sobre
essas específicas dificuldades de aprendizado têm sido longos e extremamente
laboriosos, necessitando, sempre, de consenso, é imprescindível um olhar
humano, lógico e lúcido para o entendimento maior do que é Dislexia.
DISLEXIA
É uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem:
Ø
Em
Leitura;
Ø
Soletração;
Ø
Escrita;
Ø
Em Linguagem Expressiva ou Receptiva
Ø
Em
Razão e Cálculo Matemáticos;
Ø Como
na Linguagem Corporal e Social. Não tem como causa falta de interesse;
Ø
Em motivação;
Ø
De esforço ou de vontade.
Como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa
primária. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é
característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos.
Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de
aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e
até genial, mas que aprende de maneira diferente, como método diferente...
DISGRAFIA
É uma inabilidade ou atraso no desenvolvimento da Linguagem
Escrita, especialmente da escrita cursiva. Escrever com máquina datilográfica
ou com o computador pode ser muito mais fácil para o disléxico. Na escrita
manual, as letras podem ser mal grafadas, borradas ou incompletas, com
tendência à escrita em letra de forma. Os erros ortográficos, inversões de
letras, sílabas e números e a falta ou troca de letras e números ficam caracterizados
com muita frequência.
DISCALCULIA
As dificuldades com
a Linguagem Matemática são muito variadas em seus diferentes níveis e complexas
em sua origem. Podem evidenciar-se já no aprendizado aritmético básico como,
mais tarde, na elaboração do pensamento matemático mais avançado. Embora essas
dificuldades possam manifestar-se sem nenhuma inabilidade em leitura, há outras
que são decorrentes do processamento lógico-matemático da linguagem lida ou
ouvida. Também existem dificuldades advindas da imprecisa percepção de tempo e
espaço, como na apreensão e no processamento de fatos matemáticos, em sua
devida ordem.
DEFICIÊNCIA
DE ATENÇÃO
É a dificuldade de
concentrar e de manter concentrada a atenção em objetivo central, para
discriminar, compreender e assimilar o foco central de um estímulo. Esse estado
de concentração é fundamental para que, através do discernimento e da
elaboração do ensino, possa completar-se a fixação do aprendizado. A
Deficiência de Atenção pode manifestar-se isoladamente ou associada a uma
Linguagem Corporal que caracteriza a Hiperatividade.
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