terça-feira, 8 de setembro de 2015


Existe diferença entre “Problemas de aprendizagem e dificuldades de aprendizagem”?
 Sim, existe! E o olhar, a postura, a afetividade de um profissional fazem toda a diferença na vida de uma criança.
Os problemas de aprendizagem são sinais indicativos de que algo não vai bem no aprender ou no ensinar. São comportamentos, atitudes, modalidades de lidar com os objetos de conhecimento e de se posicionar nas situações de aprendizagem que não favorecem a alegria de aprender, a autoria de pensamento, o sucesso acadêmico. Os problemas de aprendizagem podem ser classificados em sintoma, como:

Ø     Inibição cognitiva;
Ø     Reativa.

 No primeiro caso, as origens e causas encontram-se ligados à estrutura individual e familiar do indivíduo que “fracassa” em aprender. Já no último caso, relacionam-se ao contexto socioeducativo. Ou seja, as questões didáticas, a metodologia avaliativa.

É importante ressaltar que nos problemas de aprendizagem relativos ao fracasso escolar pode demandar redimensionamento que englobe desde órgãos superiores responsáveis pela educação no país até as salas de aula.
Já nos problemas em que os fatores desencadeantes são externos ao contexto escolar, geralmente há necessidade de uma avaliação especializada para buscar intervenções adequadas de um profissional, no caso um psicopedagogo.


As principais manifestações dos problemas de aprendizagem são:
Ø     Disgrafia - comprometimento na interpretação de texto;
Ø     Dislexia - deficiência na habilidade de escrever, em termos de caligrafia e também de coerência;
Ø     Discalculia - dificuldade no aprendizado dos números, dispersão em sala de aula e nos momentos de realizar atividades e avaliações escolares.
Modalidades de aprendizagem que não favorecem a assimilação e a acomodação dos conhecimentos de modo satisfatório, entre outros sinais, podem ser manifestações de problemas de aprendizagem. Entretanto, é preciso diferenciar problemas de aprendizagem de dificuldades de aprendizagem. Qualquer estudante pode atravessar, em algum momento da vida escolar, alguma dificuldade no aprender. Pode demorar um pouco mais para assimilar um conteúdo, ou aprender de maneira mais lenta que as demais crianças.
Só consideramos um problema de aprendizagem, como tal, quando descartadas as causas socioeducativas. Ou seja, quando os sinais persistirem, apesar das intervenções educacionais. Nessas situações, muitas vezes, como foi frisado anteriormente, há necessidade de investigação e leitura especializada. Ressalto, entretanto, a importância de cautela por parte dos educadores ao “diagnosticar”.
É preciso atenção com a tendência de atribuir a causas organicistas os problemas e dificuldades de aprendizagem apresentados pelas crianças. Considero válido o trabalho coletivo do ambiente escolar. É suma importância nestes casos à ajuda, orientação e o apoio de outros profissionais como:
Ø Psicopedagogos;
Ø Orientadores educacionais;
Ø  Coordenadores pedagógicos;
Ø  Psicólogos.
 Quando se trata de problemas ou dificuldade na aprendizagem, o profissional mais adequado é o psicopedagogo, no entanto, ambos trabalham em parceria, em troca de informações. Essas trocas de informações entre profissionais são sempre muito positivas. Surgem novos olhares, tanto em relação à leitura dos problemas quanto às possibilidades interventivas.
É possível que alunos que enfrentam problemas familiares apresentem dificuldades para aprender?
Não necessariamente. Muitos de nós conhecemos crianças e adolescentes filhos de lares conflituosos e problemáticos que aprendem bem e são alunos de destaque em muitas áreas. Conflitos familiares vão gerar problemas de aprendizagem quando a inteligência, a inteligência neste caso é entendida como a capacidade de elaborar situações por meio da lógica, do pensamento, da cognição, a qual encontra-se aprisionada pela dimensão afetiva.
Alicia Fernández nas obras “A inteligência aprisionada” e “Os idiomas do aprendente”, explica muito bem essas situações. Entretanto, normalmente, em famílias muito conflituosas, crianças e adolescentes podem sofrer de depressão, apresentar transtornos variados, mostrar-se agressivos, hiperativos, ansiosos, desatentos, agitados, violentos e acaba, apresentar conflitos na escola. Transmitindo assim, o ambiente familiar para o ambiente escolar.  Porém, não significa que tenham algum problema ou dificuldade de aprendizagem, mesmo que os sintomas apresentados perturbem seu desenvolvimento e rendimento escolar, resultando em notas baixa e consequentemente reprovação.
Você deve está aí agora se perguntando, como saber se uma criança apresenta dificuldade na aprendizagem, um TDA (Transtorno do Déficit de Atenção) ou apenas passa por um momento difícil. Parece que tem crescido a prescrição de medicamentos a estudantes que não conseguem ficar quietos na sala de aula.
Como mencionei, é preciso ter muita atenção, muito cuidado com concepções calcadas  estritamente em determinismos, achismo genéticos ou ambientais. Um problema orgânico por si só, assim como o contexto ambiental por si mesmo, não responde isoladamente às causas dos problemas de aprendizagem. Uma criança com comprometimentos orgânicos, em alguns casos, pode apresentar alguma limitação. No entanto, ainda assim, pode construir belas aprendizagens se lhe forem dadas condições afetivas, técnicas, didáticas e metodológicas que considerem suas necessidades e potencialidades.
 Baseado em minhas experiências em atendimentos, cursos, treinamentos e trocas de informações com outros profissionais demostraram que crianças e adolescentes diagnosticados com TDA (Transtorno do Déficit de Atenção) são indivíduos que têm sofrido sérios conflitos subjetivos e familiares. Conflitos sintomatizados em desatenção.
Entendemos os sintomas, em questão a desatenção aqui refere-se como um modo de dizer algo, falar de algo, uma linguagem que o sujeito usa para comunicar alguma coisa, um pedido de socorro, é fundamental que os profissionais da educação e da saúde se perguntem sobre eles. Quais as possíveis causas que levariam uma criança a se dispersar constantemente? Em que momentos e situações esse sintoma ocorre com maior frequência e intensidade? O que é atenção? O que é atender? Ser atendido? Quais as concepções teóricas ao levantar hipóteses acerca do diagnóstico de TDAH (Transtorno do déficit de Atenção com Hiperatividade)? Veja bem, TDAH é diferente de TDA.
Em relação à prescrição de medicamentos, de acordo com levantamento é alarmante o crescimento do número de crianças, adolescentes e até mesmo adultos que fazem o  uso deles. E uma das grandes preocupações que tenho é com o fato de, na maioria das vezes, não serem buscadas as verdadeiras causas que geraram e mantêm os sintomas. De muitas vezes não ser incluída nos diagnósticos e nas intervenções a visão analítica e sistêmica das situações. Enfim, de não se abrir espaços de pensamento acerca dos motivos pelos quais uma criança, por exemplo, está desatenta, dispersa. “No mundo da lua”, como costumam falar muitos educadores e pais.

Outras indagações que me preocupa são pais e educadores estão preparados para ajudar as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem e, assim, evitar o fracasso escolar? O que pode ser feito? No que tenho observado, a resposta é não. No entanto, ver-se uma luz no fim do túnel, tirando os achismos, as rotulações ambos já observam que tem algo errado com a criança e que essa criança necessita da ajuda de uma profissional. E quando o profissional atende e orienta-os como proceder em relação à criança eles seguem todas as orientações arisco, isso é muito bom para o desenvolvimento psicossocial e intelectual da criança. 

Sem comentários: